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sábado, 25 de junho de 2011

O comum não me agrada


O comum nunca me agradou. Sempre fui adepta ao estranhismo, a diferença, ao incomum. Gosto do torto, do desajeitado. É incrível o sentimento que tenho quando aprecio algo praticamente inapreciável pelo resto do mundo. Sinto ciúmes se uma música, um filme, quando algo totalmente invisível começa a alcançar os olhos e ouvidos dos outros, se tornando assim, parte de um modismo. Acredito que a moda em si, seja algo comum demais. Claro, deixamos de lado a generalização. Refiro-me da moda passageira, aquela que abomina a repetição ou o uso de algo apenas porque a estação passou. Coco Chanel já falou disso, e repito. Sou contra deixar uma roupa no armário apenas porque a moda diz que é proibido. Com música, teatro, acontece exatamente a mesma coisa. Se certa música, de certo cantor se torna hit popular, você deve, pode dançar e escutar a ela. Agora, fuja se passar o tempo e ela se tornar “velha”. Aí você já deve ter esquecido quase como ter um armário de músicas não mais escutáveis, pois a sua validade já expirou. O que percebo hoje é uma necessidade absurda de aceitação, de convencimento e do entrosamento. As pessoas têm medo de serem excluídas por seu grupo de amigos, de colegas do trabalho ou da faculdade. Comigo acontece o contrário. Gozo de situações onde sou estranhada, não compreendida, olhada tortamente. Acho isso um elogio maior do que qualquer outro. Estão admitindo que não sou comum, normal, água com açúcar. O diferente sempre tem uma pimenta, sempre tem um tempero. E é claro, quando ele aprecia o que é, causa maior estranheza ainda, como se fosse impossível gozar de não ser popular. 

sábado, 18 de junho de 2011

Um completo desconhecido


A viagem começou e ao meu lado sentou-se um policial. Com sua farda, e seu corpo grande, pediu-me o favor de acordá-lo dentro de uma hora, pois era policial rodoviário e seu trabalho o esperava.  Algo tão intenso foi me percorrendo. Sem explicação exata desse momento que vivenciei, ouvi minha música imaginando como seria seu toque em meu corpo. Nada dito até então, no momento em que o relógio marcou 7 horas, o acordei. Nesse momento, vi sua aliança e tudo em mim freou. Virei de lado, e fechei os olhos. A visão dele estava para o meu decote, que eu fazia questão de mostrar além do meu rosto, é claro. Quando me dei por conta ele se deita de lado também. Seu rosto praticamente cola no meu, nossas bocas distanciam-se milimetricamente. Ao abrir os olhos, uma força magnética não me permite mexer nem muito menos falar. Estava imobilizada. Ele também abre seus olhos e assim permanecemos. Dois desconhecidos, protegidos pelo anonimato excitante, dividindo olhares tão profundos e intensos, tão enigmáticos que faziam meu corpo queimar. Ah, a vontade era tanta de esquecer o mundo em minha volta e tocá-lo. Os segundos passavam e nossos olhares variavam-se dos olhos para a boca. O momento nunca chegava. Queria muito avançar, abrir a boca e falar, mas não conseguia. Quando íamos tomar coragem o passageiro do lado levanta e informa ao meu desconhecido que sua hora de desembarcar chegou. Ele levanta. Desnorteado também, sem jeito pelo o que quase aconteceu. E sorriu. Quando me dei por conta já me encontrava sozinha no banco do ônibus. O anônimo saiu, mas deixou em mim uma história. Espero que um dia voltemos a nos encontrar. Mas enquanto esse dia não chega, fica em mim a doce lembrança do momento mais íntimo que já dividi com um completo desconhecido. 

domingo, 5 de junho de 2011

Desabafo de um coração cansado


Não quero mais, não posso. Sim, eu sei,  cada um em seu lugar. O silêncio que me percorre grita aos berros minhas feridas abertas. Mas não há mais nada a se dizer. Seria tão mais fácil podermos apagar da memória e do corpo, todas as marcas que o tempo deixou.  A dor que me percorre não é de desespero, mas sim desesperadora. Busco em mim forças para agüentar, pessoas para suprir e atividades para sucumbir. Sei em mim que não quero a facilidade, o jeitinho, o manejo. Quero obstáculos vencidos, lições aprendidas e erros perdoados. Quero a dificuldade, quero a responsabilidade. É tão mais simples buscar o fácil, é tão mais rápido. Sim, a velocidade sempre foi minha “ami/inimiga”, mas dessa vez ela não me ajudará. Não me tornarei uma vítima das circunstâncias, muito menos as que me foram impostas. Talvez um dia o perdão possa pacificar meu passado. Mas sei que o presente e futuro estão esbranquiçados. A cada pensamento uma nova esperança de que sim, a distância um dia será a totalidade de nosso relacionamento.